Essa chatice insistente
Irrita, afaga e assusta.
Mas chega ser comovente
Ver Rabin e sua linda fuça!
Já começa irritando: se auto-apresentando antes de entrar no palco. E diz as recomendações em duas línguas, que egocêntrico! Faz voz grave e de repente ele entra...
Jeans pálidos, camisa florida em azul e branco, os cabelos dourados e nesse dia o rosto avermelhado de sol. Mesmo assim seus olhos incisivos e claros brilham mais do que os dos outros mortais. A voz suaviza, ele sorri para a platéia e derretemos! Pronto! Estamos nas suas garras.
Fingidor anti-poético
Tira piada da vida alheia
Parece até eclético,
Mas é castelo de areia.
E a partir dali somos reféns do seu charme, do seu auto proclamado mau humor e de sua surpreendente habilidade em fazer do trivial a coisa mais engraçada do mundo. E nem poupa a si mesmo. Porém, logo percebemos que é só mais uma estratégia para que ele possa invadir outros e quaisquer contextos. Morde, depois assopra, pede desculpas pela piada grosseira, pega no pé da Preta Gil e mais uma vez faz o sorrisinho irresistível.
Faz-se e refaz em cena
Pára, volta e se retrai,
Avança e te dói, sem pena.
A voz suave vira feroz sem aviso e fala de atos que a contradizem. Repete a teoria de Bérgson, insistindo no erro premeditado (seria cuidadosamente ou por instinto?). Quando ele fala coisas que doem, parece de propósito, mas rimos do mesmo jeito. O escorpiano não tem dó de ninguém... Nem dele mesmo.
Rabin, mestre jocoso,
Fábio, plantador de favas,
Já sou fã desse palhaço charmoso!
Mas esse quase não-mais-menino, já nasceu mestre, inclusive na humildade. Não se dá tanta importância e como todo mestre é paradoxal, pois é muito sério e responsável no que se propõe e nos apresenta. E seu charme e profissionalismo irresistíveis ainda têm o poder greco-divino de fazer rir?
Claro! Mesmo parecendo que é “às favas” ainda assim é modéstia, mesmo que seja “modéstia às favas”.
Aninha